quinta-feira, 26 de março de 2009

Damas da noite

Por:Valdemy Teixeira

Travestis procuram representatividade governamental e falam sobre o preconceito.

Os olhos não escondem a dor do preconceito. São mais de vinte oito anos se prostituindo nas ruas e as palavras que soam da boca de Magda (travesti) é: “Faço isto porque gosto!”. Um jeito empolgante de expor suas energias, de querer dizer o que pensa e o que se passa nos bastidores noturnos, foi o suficiente para Magda revelar segredos de sua vida íntima.
Escutar sua história é uma verdadeira dramaticidade. Magda brinca muito, sorri, fala que vai dar seu “close” para que “eu” me torne uma pessoa mais fina, mas seu olhar contém mistérios e aos poucos ela vai os revelando. A identificação que Magda diz ter é de uma pessoa feliz. “Sou formada, sou enfermeira, tenho quatro apartamentos, sou casada com uma mulher na Itália, eu bebo , fumo e cheiro um pozinho”, brinca.
Este mundo que ela desenha vai se desfazendo durante a entrevista. Magda conta que recebe como forma de pagamento o valor de trinta reais e conforme o cliente este valor aumenta. “Tem homens que vem com um frango assado, com um pacote de arroz, e eu pego. Não estou roubando, estou trabalhando, namorando”, sorri.
Os Travestis mostram o corpo e esbanjam sensualidade.preconceito é um dos desafios sociais que ainda atinge classes distintas da sociedade, começando pela preferência sexual, sendo alvo de críticas, violências físicas e de ordem psicológica. “Vou ser franca meu bem, você tem que saber viver no meio das pessoas, muitas vezes as pessoas te criticam e você não fala nada.” desabafa.
Diante dos impasses vividos pelos travestis e para assegurar os direitos de cidadania e proteção contra agressões, a Presidente da ASTRAL (ASSOCIAÇÃO DE TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E TRANSGÊNEROS DE GOIÁS), Bethe Fernandes, disse que o grupo está unido em busca de uma lei que venha ampliar o acesso a educação, saúde e demais direitos relacionados à cidadania. “Hoje nós não temos nenhum parlamentar que fale ou brigue por lutas e causas desta população”, declarou.
A Associação não conta com nehum tipo de auxílio governamental, apenas com doações da população.Para Bethe Fernandes, qualquer um pode participar das manifestações.“Não precisa ser necessariamente gay ou travesti para defender esta causa, basta que a pessoa seja sensível para lutar contra o preconceito”.afirmou.

TRAVESTI MONIQUE REVELA UM POUCO DE SÍ
Há quanto tempo você trabalha nesta profissão?
Há vinte anos
Porque você procurou esta forma para ganhar a vida?
Foi à única forma que encontrei de ganhar a vida e sobreviver.
Que tipo de preconceito você já sofreu nesta estrada de vinte anos?
Todos. Muitas agressões e preconceitos.
Como é a concorrência neste meio?
Tem clientes para todos, é normal.
Qual o perfil dos clientes que os procuram?
De toda idade. São casais, homens e mulheres, da classe baixa até a alta sociedade.
Qual o valor que vocês costumam cobrar?
Falando a real, eu que sou bonita, começo com vinte reais podendo chegar até cinqüenta reais.

Uma ressalva feita pela Presidente da ASTRAL é a lei que garante aos negros proteção referente ao crime de racismo, fato inexistente para o caso dos travestis que não tem uma lei que garanta a mesma proteção e de certa forma que lhe dê condições de inclusão na sociedade.
“Nos queremos é garantia de direitos, não dó e nem caridade, porque isto a gente deixa para a religião”.declarou.
Bethe Fernandes alegou que a maior preocupação da associação, são as agressões de ordem física, porque cada vez que uma travesti passa a ficar mais bonita, ela deixa de ser criticada e passa a ser admirada.Bethe conta que no dia 15 de setembro, duas travestis foram assassinadas na capital.Ela contabiliza uma média de uma ou duas agressões por semana envolvendo gritos, chutes e casos de assassinatos.

Por:Valdemy Teixeira